Um dos temas mais debatidos no momento é o do impacto que a inteligência artificial pode trazer em várias áreas da sociedade moderna e, obviamente, no mundo do trabalho.
Mas nesta breve reflexão, não abordarei as questões relativas à produtividade e empregabilidade e sim alguns impactos que o uso da I.A. pode gerar para as relações trabalhistas e sindicais.
Sabemos que entre as funcionalidades da I.A. estão as análises comparativas, redação de texto e geração de gráficos e indicadores. Não é difícil imaginar como estas funções podem ser úteis no cotidiano dos operadores e gestores de relações trabalhistas e sindicais.
Ao pensarmos na fase preparatória de uma negociação coletiva, sob o aspecto patronal, sempre teremos: (i) a comparação da pauta do sindicato profissional com o instrumento coletivo a ser negociado, (ii) a preparação de redação de novas cláusulas de interesse patronal, (iii) a pesquisa de instrumentos coletivos de outras categorias que possam servir de parâmetro e (iv) a pesquisa do cenário político-sindical e econômico.
Certamente, a I.A. poderá auxiliar na execução de todas essas tarefas, conferindo mais agilidade e precisão, possibilitando que se reserve muito mais tempo e energia para o desenho estratégico da negociação.
Mesmo após a conclusão da negociação, tarefas como: (i) a produção de comunicados informativos, (ii) a identificação de cláusulas obrigacionais com definição de calendário de cumprimento e (iii) apresentações corporativas com indicadores sobre o resultado da negociação para a alta gestão podem, facilmente, ter o apoio de ferramentas de I.A.
E como estas mesmas funcionalidades poderiam ser utilizadas pelos Sindicatos Profissionais? Além dos aspectos destacados acima, me parece que a utilização mais estratégica seria aplicada à comunicação com a categoria, tanto para a construção da pauta de negociação, como para a mobilização durante o processo negocial.
Da mesma forma, a comunicação focada no aumento de associados pode ter como aliada a I.A., com o fortalecimento econômico das entidades sindicais, mesmo fora do período de negociação coletiva.
Basta imaginarmos o quanto o monitoramento das redes sociais com o uso de I.A. pode ajudar a definir o perfil do público alvo da comunicação e a linguagem a ser utilizada.
Isto posto, importante considerar que sem a mudança de cultura dos profissionais ligados à gestão de relações trabalhistas e sindicais, me parece que todas estas ferramentas se tornam muito limitadas. E neste sentido, entendo que se posicionar contra esse fluxo de mudança implicará em perda competitiva e desconexão com todas as transformações que a I.A. trará para o mundo do trabalho.
Insultos sutis dirigidos a minorias que
Rafael Martinelli
Sócio Proprietário
Apta Consulting - Recursos Humanos Relações Trabalhistas e Sindicais sideradas e
menosprezadas.