Por AptaConsulting em 04 de Maio de 2023
Gestão do absenteísmo

Tema pouco debatido entre profissionais de RH (desconheço completamente as razões), mas com consequências diárias para as empresas, principalmente para as áreas de manufatura. Afinal, nenhuma empresa pode se dar ao luxo de manter no seu efetivo headcount além do necessário para o cumprimento diário do volume de produção programado.

Realizarei uma abordagem do tema sob o ponto de vista estritamente prático, a começar pelo entendimento das causas do absenteísmo.

Uma das metáforas que melhor atende, a meu ver, a identificação de causas do absenteísmo é a figura de uma panela de pressão sobre o fogo. Dentro dela podemos encontrar várias causas “borbulhando” como por exemplo: ritmo de produção, insatisfação profissional, falta de motivação e engajamento, relacionamento com os colegas, mídias sociais etc. Fora dela, mas com fortes influências “na fervura da panela” também podem ser constatadas: problemas familiares, dependência química, problemas sociais, problemas financeiros, outras fontes de renda etc.

Estabelecer ações para a fase de identificação das causas não é tarefa simples e de fácil execução. É necessário que um time multifuncional de profissionais (especialistas em RH, assistentes sociais, psicólogos, engenheiros de segurança no trabalho, engenheiros de processos, médicos, fisioterapeutas (ergonomistas) etc.), atue sob a coordenação do   Gerente de Recursos Humanos.

Muitas vezes, para aliviar o efeito da temperatura da panela de pressão, as válvulas de escape são fundamentais para a panela não explodir e nesta metáfora significa que os empregados buscam “saídas” para fugir da “fervura” da panela, dentre elas o lazer diário, as férias, o descanso semanal e.... faltar ao trabalho.

Por outro lado, para diminuir a temperatura da panela de pressão rapidamente, é colocar a panela debaixo de uma torneira de água fria (cuidado isso não deve ser feito), assim como fazem algumas donas de casa. Metaforicamente, significa que a empresa dará início a um processo de demissão para estancar o alto índice de absenteísmo. Isso, além de gerar altos custos, não elimina definitivamente o problema.

Como as ações acima não são o propósito da minha análise sobre o tema, passemos para a fase de ações que acreditamos realmente trazer resultados concretos para a empresa.

As ações devem ser estrategicamente planejadas, dentre elas uma comunicação clara, objetiva e direta com os empregados. Pasmem, mas a maioria não faz ideia dos custos e consequências que as faltas ao trabalho causam à  empresa. Treinamento da liderança, revisão de procedimentos disciplinares e de políticas de avaliação de desempenho de  e até mesmo demissões para os casos em que não foi possível a recuperação do empregado. Além disso, deve-se ter no radar como as entidades de representação dos empregados (sindicato, CIPA...) serão comunicadas sobre e como podem contribuir para que os objetivos sejam alcançados.

Como todo e qualquer planejamento, é fundamental que sejam estabelecidas metas, diretrizes e procedimentos, portanto, as decisões devem estar amparadas por dados estatísticos e financeiros e serem acompanhadas periodicamente. Dependendo da distância entre o índice de faltas atual e onde a empresa pretende chegar (% do índice de absenteísmo suportável) ousaria dizer que as estatísticas devem ser avaliadas diariamente e o rumo deve ser corrigido se necessário.

Importante ressaltar que as ações corretivas podem envolver diversos aspectos, como por exemplo as condições ergonômicas nos processos de produção, a gestão do plano de saúde, envolvendo toda a rede credenciada, investimentos em treinamento etc. Portanto, o Gerente de RH é o responsável em demonstrar para a Direção da empresa que as ações para a gestão do absenteísmo não serão custos e sim investimentos para a redução dos custos do plano de saúde, reflexos na produtividade e qualidade dos produtos e principalmente no engajamento dos empregados.

Não é uma tarefa fácil, mas posso afirmar que com medidas, ações e um grupo multifuncional engajado o tema pode ser muito bem administrado.

 

 

Carlos Oliveira

Apta Consulting – Recursos Humanos e Gestão de Negócios

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